Adulteração de químicos: Muito além da gasolina!

Adulteração de químicos: Muito além da gasolina!

Tenho certeza de uma coisa: Você não gosta de saber que está comprando gasolina adulterada, certo?

Apesar de ser uma prática criminosa, muitos postos de gasolina ainda adotam esta prática que visa oferecer produtos mais baratos, mas que lesa o consumidor que está comprando um produto que tem menor eficiência que o produto padrão.

Mas você sabia que no mercado de químicos para saneamento esta também é uma prática recorrente? Muitos fornecedores, no desejo de oferecer menores preços a seus clientes (e ganhar mercado), realizam pequenas adulterações em seus produtos, como adição de água no produto fornecido pelo fabricante.

E o que isto significa?

Assim como na gasolina, a diluição do produto reduz o teor de princípio ativo no produto. Apesar de estar comprando o mesmo volume, você está comprando menos princípio ativo e mais água. Isto afeta completamente o rendimento do seu processo de tratamento.

Como resultado, seu operador acaba dosando mais produto para ter o mesmo efeito na estação e, no fim das contas, você acaba gastando mais do que gastaria se estivesse comprando um produto dentro dos padrões de conformidade, do mesmo jeito que seu carro vai consumir mais com combustível adulterado.

O que acontece é que em pequenas estações, que normalmente compram de revendas, o consumo é muito baixo, tornando difícil perceber as diferenças. Mas acredite, ela existe e pesa no seu bolso ao longo do ano.

Como me proteger?

Em primeiro lugar, é importante saber que para a maioria dos produtos químicos vendidos para estações de tratamento de água e efluentes existem normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que determinam as especificações técnicas, amostragem e métodos de ensaio. Isto significa que existe um padrão e um método que você pode consultar para saber se o produto está em consonância com as normas técnicas.

Estas normas são desenvolvidas em conjunto com os fabricantes e refletem os produtos com características otimizadas e são o padrão da indústria.

A maioria dos fabricantes de produtos químicos são signatários da ABNT e participam ativamente dos grupos de discussão destas normas. A imensa maioria dos fabricantes é certificado por normas de gestão da qualidade. Sendo assim, o laudo do fabricante é um bom ponto de partida para saber se o produto oferecido está de acordo com as normas.

Você também pode fazer suas próprias análises. Acontece, que muitas destas análises exigem equipamentos que não estão prontamente disponíveis em qualquer empresa, sobretudo nas de menor porte. Aí que entra um artifício que pode te ajudar a definir, pelo menos de maneira preliminar, se não está comprando um produto adulterado: A densidade.

A densidade é um parâmetro relativamente fácil de se calcular com o uso de um instrumento barato chamado densímetro. Este parâmetro tem uma forte correlação com a concentração de princípio ativo no produto.

Para se ter uma ideia, a densidade do policloreto de alumínio (PAC) em sua versão de alta basicidade (também chamado de PAC10) é em torno de 1.2g/ml. Enquanto a densidade do PAC a 18% tem uma densidade que gira entre 1.33 e 1.45g/ml. Ao se adicionar água, que tem densidade de 1g/ml, a densidade do produto cai rapidamente e proporcionalmente à concentração de princípio ativo.

Então, você pode medir a densidade com um densímetro calibrado e perceber se há divergência grande com relação ao estabelecido pela ABNT para seu produto.

Aqui fazemos uma observação: a densidade tem variações com a temperatura do produto e o densímetro serve como uma baliza para conhecer a densidade de um material e apenas um parâmetro. Entretanto, este instrumento tem um custo baixo e pode resultar em uma boa economia no fim das contas.

Conclusões

O mais importante de tudo isto é o relacionamento com seu fornecedor. Conhecer a procedência do produto e seu fornecedor pode ser uma boa alternativa. Se possível visite as instalações do fornecedor, cheque suas condições, organização, sistema de gestão da qualidade.

Além disso, desconfie de preços muito abaixo do mercado. Não tem milagre. Os processos produtivos para a maioria dos produtos de saneamento são bem estabelecidos e as matérias primas são, de maneira geral, as mesmas. Sendo assim, não há como haver uma discrepância muito grande entre dois fornecedores.

Por isto, escolha um fornecedor sério, com experiência no mercado e certifique-se que este fornecedor tem produtos de boa procedência e atue de forma ética.